
O som do real, o silêncio das notificações
Vivemos uma era em que estar “sempre ligado” virou padrão: notificações constantes, trabalho e entretenimento em paralelo, telas ocupando grande parte do dia. Segundo o Relatório Digital 2024 (We Are Social / Meltwater / DataReportal), o tempo médio diário online dos brasileiros é de 9 horas e 13 minutos, dado que ajuda a entender por que muita gente sente cansaço mental e sobrecarga.
Pesquisas nacionais também mostram efeitos dessa rotina. Uma revisão realizada no Programa de Pós-Graduação em Medicina Molecular da UFMG reuniu 142 estudos e mais de dois milhões de pessoas e encontrou associação entre uso excessivo de telas e piora na saúde mental (sintomas de estresse, depressão e ansiedade), inclusive em diferentes faixas etárias. A tese aponta ainda fenômenos como a nomofobia (medo de ficar sem o celular) e chama atenção para o aumento do tempo de tela após a pandemia, quando aparelhos passaram a servir tanto para trabalho quanto para entretenimento e estudo.
Diante disso, ganharam força práticas que colocam limites no uso de aparelhos e incentivam o enriquecimento do tempo fora da tela: mais atividades ao ar livre, convivência face a face e pausas conscientes. Viajar, especialmente para lugares que favorecem o silêncio e contato com a natureza surge como uma das formas mais práticas de promover essa reconexão.
O que especialistas têm observado
A revisão da UFMG aponta que grande parte dos estudos associa uso excessivo de telas a impactos negativos, sobretudo entre jovens, por exemplo, relações entre tempo de tela e aumento de depressão em adolescentes. Os autores enfatizam que não basta apenas limitar tempo: é preciso também enriquecer o tempo fora da tela com atividades que estimulem a cognição e a socialização.
Por outro lado, reportagens de veículos como a BBC mostram que o tema ainda é complexo: há pesquisas que questionam a solidez das evidências e lembram que “tempo de tela” é um conceito amplo, rolar passivamente um feed não é a mesma coisa que usar uma ferramenta educativa ou interagir com amigos online. Em outras palavras: a qualidade do tempo em tela importa tanto quanto a quantidade.
No âmbito público, houve movimentos recentes de regulação: por exemplo, a recente lei (Brasil, 2025) regulando o uso de aparelhos portáteis nas escolas, como tentativa de resguardar a saúde mental de estudantes e reduzir uso indiscriminado em ambiente escolar, tema abordado em reportagens do Sedis/UFRN sobre saúde e educação digital.
As conclusões práticas que emergem dessas fontes são claras e complementares: reduzir o uso improdutivo de telas, fomentar atividades presenciais e oferecer alternativas saudáveis às rotinas digitais ajudam a mitigar riscos à saúde mental.
Fonte: UFMG – tese “As associações entre tempo de tela e saúde mental no ciclo vital”; reportagem Sedis/UFRN sobre uso de telas e saúde mental; matéria da BBC sobre complexidade das evidências; Relatório Digital 2024.
Mas afinal, como desconectar sem drama?
Desconectar não precisa ser radical nem punitivo, algumas práticas acessíveis são:
- Estabelecer janelas sem tela (refeições, 1h antes de dormir, parte da manhã): priorizar contato e sono de qualidade.
- Separar ferramentas por função: trabalho em um dispositivo, lazer em outro; reduzir multitarefa.
- Criar “zonas sem sinal” em casa: quartos e mesas de jantar como espaços livres de notificações.
- Estimular atividades ao ar livre: caminhada, trilha leve, banho de natureza, ações que reduzem o estresse e fortalecem a atenção.
- Trocar tempo passivo por tempo ativo: ler um livro físico, cozinhar, conversar ou jogar um jogo presencial em família.
- Pequenas medidas práticas: deixar o celular distante.
Essas ações não aniquilam as tecnologias, apenas ressignificam seu lugar na vida cotidiana.
Viagem e desconexão: por que funciona (e como fazer sem culpa)
Viajar cria um cenário favorável à mudança de hábito: outras rotinas, novos estímulos sensoriais e um ritmo que convida ao desacelerar. Em refúgios naturais, a ausência de pressa e a intensidade das experiências sensoriais, cheiro da mata, som da água, o ritmo do caminhar, ajudam o cérebro a recuperar outra forma de atenção, mais plena.
Importante: a proposta não é a exigência de um “detox” absoluto das telas, mas oferecer um espaço para praticar limites. Planejar uma viagem curta, reservar momentos sem aparelhos e combinar acordos simples (por exemplo: fotos apenas em alguns momentos) podem ser suficientes para sentir diferença.
Talvez seja hora de se afastar um pouco das telas e se aproximar do que é real.
A desconexão só ganha sentido quando abre espaço para o bem-estar, a presença e os vínculos.
Nossos hotéis oferecem essa experiência possível, com ambientes integrados à natureza, hospitalidade, silêncio, trilhas, jardins e gastronomia local. São destinos pensados para quem deseja reduzir o ruído cotidiano e valorizar o tempo, a calma e o contato humano.
Um convite permanente à reconexão.

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